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Não, não está. Quando perguntado sobre a atual situação do São Paulo Futebol Clube, Juvenal Juvêncio responde assim a questão, com a frase que dá título a esse post como afirmação. E a culpa por não estar tudo bem é, em grande parte, do próprio presidente.
Juvenal, definitivamente, não é um bom presidente. Ele está no seu quarto mandado como principal nome da diretoria tricolor, e só teve destaque quando permitiu uma verdadeira democracia no clube.
Seu primeiro mandato já começou conturbado. Como diretor de futebol na época dos “Menudos do Morumbi”, demitiu ídolos da torcida, como Waldir Peres e Zé Sérgio, na gestão do presidente Carlos Miguel Aidar. JJ o sucedeu, durante 1988 e 1990, e seus melhores resultados foram dois vice-campeonatos brasileiros e um Paulistão, em 1989, vencido ante o temível esquadrão do… São José. Em 1990, o São Paulo passou bem longe de ser bicampeão estadual, jogando um módulo diferente dos principais times do campeonato – quem fala que o SPFC foi rebaixado talvez não tenha aprendido a ler, já que o regulamento do campeonato é bem claro ao dizer que não haveria rebaixamento
Entre 2003 e 2006, voltou para o clube, novamente como diretor de futebol na gestão de Marcelo Portugal Gouvêa. Subordinado a um grande (e saudoso) presidente, e junto com uma diretoria voluntariosa, retomou o caminho de glórias do São Paulo. Voltou a ser presidente entre 2006 e 2008, conduzindo a equipe ao tricampeonato de fato e hexacampeonato de direito, feitos inéditos na história do futebol brasileiro.
Esse talvez seja o período mais simbólico e marcante de JJ no São Paulo. Muitos se esquecem que o hoje contestado presidente esteve à frente do time nesse período tão glorioso – apesar dos fracassos nas Libertadores. O segredo era a voz de outras pessoas influentes e competentes, que, mesmo abaixo de Juvêncio, eram reconhecidos e tinham liberdade e autonomia.
Até 2008, nomes como Carlos Augusto de Barros e Silva, Júlio Casares, João Paulo de Jesus Lopes e Rogê David tinham voz ativa no clube e eram figurinhas carimbadas na mídia. Sua voz era ouvida, suas ideias idem. Tudo mudou pra (muito) pior no segundo mandato, iniciado em 2009.
Tal qual um déspota, ele dirige sozinho o clube. Seus subordinados viraram fantoches e não tem voz nenhuma. Não respondem pelo clube e tem que dar respaldo para o Idi Amin do Morumbi em suas próprias áreas, algo vergonhoso. Pior: se não conseguem esse respaldo, sua atitude é vetada. Juvenal tornou-se o São Paulo. Parafraseando Luís XIV, ele parecer falar com todas as suas atitudes que “o São Paulo sou eu” – para nosso azar.
A comissão técnica é permanente, não há o que falar. Temperamental, Juvêncio demite técnicos com muita facilidade após a saída de Ricardo Gomes, o que não ocorria antes de seu mandato atual. Também não acho o elenco ruim, sinceramente. O único que, para mim, não tem a mínima condição de vestir a camisa são-paulina é Juan. Marlos puxa bem contra-ataques, Xandão e João Filipe só precisam aprender a fazer o básico, Jean precisa de tranqüilidade, alguns garotos precisam deixar a máscara cair… mas o elenco é ótimo, indiscutivelmente.
Pra piorar a situação, o quarto mandato de JJ (o terceiro seguido), já começou com polêmicas. A Justiça ameaçou impedir (e até hoje ameaça) a impugnação da candidatura de JJ, pois no estatuto do São Paulo Futebol Clube há um artigo que impede três mandatos consecutivos de uma mesma pessoa. Esse artigo, obviamente, foi modificado e maqueado às escuras. Enquanto a Justiça age (ou melhor, “age”, sabemos como as coisas andam no judiciário brasileiro), Juvenal segue intocável na presidência, infelizmente.
Encerrando o dossiê, JJ pouco fez para manter Dagoberto no São Paulo. O atacante, melhor jogador na era pós-Muricy, vai para o Internacional ainda no primeiro semestre. Ou seja: ele, que custou R$6 milhões (uma fortuna para o time que só contratava jogadores de graça de outrora) sairá de graça para um rival tricolor, que sempre luta por títulos – e inclusive se acostumou a nos eliminar na Libertadores da América.
Fala-se que Juvenal, em contrapartida, é dedicado ao trabalho e respira o São Paulo Futebol Clube 24 horas por dia. Ok, é válido, mas a dedicação só tem servido para se fazer coisa errada – e, sinceramente, esse tipo de dedicação eu dispenso.
TEXTO DE :Willian Ferreira /Twitter @Will_SPFC