Saudações Tricolores Nação Soberana!
Estudar a história de um time é algo sensacional, uma sensação de saborear os fatos, tal qual uma bolachinha de chocolate, conhecer e reconhecer ídolos, aprender a dar valor a títulos e momentos espetaculares…
Estudar a história tem um gosto indescritível… Mas, o que dizer quando vivemos a história, vemos e revemos através da TV, o sonho sendo concretizado… Que sentimento é esse que toma conta do torcedor??
Ontem antes do clássico meu coração já estava disparado, eu navegava na net, assistia televisão, escutava o hino do Tricolor, falava ao telefone, e almoçava… Tantas coisas ao mesmo tempo para tentar tirar o foco do jogo que estava por vir, mas nenhuma das tentativas surtiram o efeito esperado, nenhuma das tentativas conseguiram aquietar meu coração…
Sozinha em casa tomando o meu tereré, sofria e torcia de forma desesperada… Até que o telefone toca, senhoras e senhores era minha Mãezinha, o dialogo:
– Mãe: Você ta em casa Di ?? Sozinha ?? O que vai fazer ??
– Eu: To Mãe, não vou sair, to em casa sozinha pra assistir o jogo…
– Mãe: Vai ser contra o Corinthians?? Como você está?? Não é melhor chamar a Karol pra fazer companhia??
– Eu: Mãe é contra os gambazitos sim, a Karol é curinthiana, melhor ela nem vir em casa, já falei pra ela só aparecer aqui depois, hoje to com o coração na mão… Não se preocupe vou ficar bem…
– Mãe: Mas daquela outra vez você já passou mal, como vai ficar sozinha?? Promete que não vai sair pra rua, é perigoso?? Lembra de respirar? Me liga…
– Eu: Daquela vez eu não sei o que aconteceu (passei mal na reta final do BR/2009, precisei de atendimento médico), não vou colocar o pé pra fora de casa, o jogo vai começar, eu to respirando, não precisa gritar… Mãe queria meu pai aqui, hoje tem grande chance de sair o gol 100 do Rogério Ceni, torce pra sair o gol…
– Mãe: Teu pai deve estar acompanhando pelo rádio, não vai ter um treco aí sozinha… O Rogério vai fazer o gol 100, 101, 102 e tal, mas fica bem…
-Eu: “Hasta luego Madremia!!”
E, assim o dialogo foi encerrado, Madremia é uma brincadeira, minha mãe é descendente de vô Francês e vó Italiana, uma mistura… Morando muito tempo na fronteira, bolei esse apelidinho carinhoso…
Depois de desligar o telefone, fiquei pensando, essa foi a primeira vez que não pedi a benção pra minha mãe durante uma ligação…
No início da partida eu estava incrédula, o tabu buzinava na minha cabeça, eu torcia enlouquecidamente, mas não esquecia o tabu, um sensação estranha, uma dor no coração… Me lembrei de respirar, ainda bem que me lembrei…
Uma partida sofrida, por conta de tudo que estava em jogo, tabu, gol 100, minha revolta particular por ver o Rivaldo no banco… Me lembrei novamente de respirar… Então resolvi povoar minha humilde residência, coloquei os Mantos Sagrados a vista, a camiseta especial da mão já estava ali, suja de tanto que eu esfregava as mãos nela, convidei também o BB (meu ursinho tricolor), o picolé e o pirulito (almofadas em forma de coração do SPFC, nomes dado pela minha sobrinha de 3 aninhos), o cobertor sagrado, apesar do calor todo, a bandeira nas costas e os apetrechos, copo, jarra, garrafa, até o prato da refeição era tricolor… Me sentindo acompanhada, já não era preciso lembrar de respirar, a respiração vinha normalmente…
No gol do Dagol, o grito: “Puta que pariu DAGOL, falei que você ia arrasar, afinal contra time pequeno sempre arrasaaa, hoje o jogo é teu…”, já estava eufórica, sem ar, imaginando as possibilidades, os gols que viriam, afinal o SPFC quando começa ganhando vai pra cima do adversário sem dó… Mas o jogo continuava pegado, eu queria demais o Rivaldo em campo (comentava isso com o Renato Alves e a Dii via msn), Fernandinho dando chutões minha paciência estava de férias, eu já o cornetava…
No intervalo da partida, tentei desesperadamente falar com o Julio, que estava na Arena Barueri, precisava demais falar pra ele parar de secar o gol do Rogério Ceni: “Saí daí Juuu eu quero muito o gol do M1TO hoje…” Mas em vão ele não me atendia, a tim atrapalhava até a minha torcida…
Volta a rolar a bola, na minha mente “45 minutos pro gol do M1TO, 45 minutos para quebrar o tabu, tem que ser hoje, tem que ser agora”… Eu já não lembrava mais de respirar com a frequência necessária, comecei a tremer, não dava conta de conversar com os amigos do twitter e do msn… Me calei por alguns minutos, fiquei a imaginar como seria a continuação do livro do Rogério Ceni, se ele iria fazer, se lançar certamente terá um capítulo todo especial para o GOL 100… Já me via comprando e lendo, relendo e lendo novamente…
A realidade era ainda melhor, voltei para o jogo, cornetei novamente o Cientista Maluco, também conhecido com Prof. Pardal, queria Rivaldo em campo… Mas entre um devaneio e outro Fernandinho sofre uma linda falta na entrada da área, bem no lugar que Rogério Ceni adora bater faltas, viro para olhar a TV e o Ceni caminha em direção a bola, comecei a chorar, se fosse o gol 100, se fosse o centésimo gol do goleiro capitão, se fosse a maior forma de tripudiar em cima dos gambazitos, se fosse…
Perdi a batida da falta, nem vi o pé do Rogério encostar na bola, nesta hora eu sonhava, só vi a bola entrar no cantinho, deixando o goleiro adversário no chão… Não sei se perdi alguma parte do lance, mas quando recuperei a visão, após secar as lágrimas, já via o M1TO ROGÉRIO CENI, correr com a camisa na mão em direção da galera, fogos iluminavam a tarde em São Paulo, e o feito iluminava o coração dos São Paulinos por todo o Planeta…
Ao ver o time todo em cima do M1TO, lembrei do meu velho pai, de como a reação dele deveria ter sido espetacular… “Gol, esse Rogério é foda, ele bateu memo essa falta, bateu memo pra valer, não miro ninguém na frente, gol, gol, gol” (erros na escrita, pq meu velho pai fala misturado guarani, espanhol e português…)… Eu imaginava ele com a camiseta ainda da época do Zetti, branca com gola pólo, antiga pra caramba mas, que ele não troca por nenhum modelo 2011…
Eu já não sei dizer se eu respirava, esqueci de twittar, esqueci do msn, gritava com o bb no colo, enrolada na bandeira, chorava igual criança, e naquela hora eu era uma criança, que ganhava o melhor brinquedo, do maior ídolo do SPFC…
“GOL 100 do M1TO ROGÉRIO CENI NO TIME 100TERNADA!!”
Minha Mãezinha liga e pergunta: “Você ainda está viva??” Eu simplesmente gritava: “Gol do M1TO mãe, gol do M1TO mãe, gol 100 nos gambazitos, gol do M1TO, ele é foda, o melhor que já vi jogar, melhor goleiro, melhor artilheiro, melhor futuro presidente do SPFC! Mãe eu amo o Rogério mãe, eu amo esse cara mãe, eu amo muito!!!”
“Rogério Ceni, você é o cara. Você é um Guerreiro obstinado, nada caiu do céu, você fez por merecer. Você é um marco na história do Futebol Mundial…”
Mas, devo explicar qual o motivo me fez escolher o título: “PATRIMÔNIO TRICOLOR: #RC100”… É exatamente pelo significado real da palavra…
Não me venham dizer que o Rogério Ceni, não é mais só do SPFC, que ele é um patrimônio nacional… A vááááá…
Rogério Ceni é patrimônio do Tricolor, ele é SÃO PAULO FUTEBOL CLUBE, sempre foi, e sempre será desta maneira… Vocês, adversários, corjas da CBF não o quiseram na seleção, então não me venham agora falar que ele é Patrimônio Nacional…
ROGÉRIO CENI É TRICOLOR, TRICOLOR DO MORUMBI… ELE É SOBERANO!!!
Abraço de Urso!!!
Adriana Roa
@drikaroa